O projeto
Dedico a minha vó, que me ensinou a ter fé, a gostar de histórias e a sentir saudade
Candela nasce do meu amor por cidades – em especial as mineiras -, por histórias de gente. Nasce do acúmulo de memórias, da mania que tinha quando criança, ao passar de ônibus por um lugar e mirar uma pessoa, me perguntar: “como deve ser a vida dela aqui?”. Dali, estrada afora, eu desenhava narrativas.
Sempre construí meus mundos e já profissional, ao reunir histórias que não podia contar na pauta rotineira e criar outras a partir de leituras, experiências e imaginações, percebi que inventar uma cidade seria o cenário perfeito para tudo isso viver em harmonia – ou não, como em toda sociedade.
Aos vinte e poucos anos eu tinha rodado quase uma centena de cidades mineiras, aprendido a tomar café – e a gostar do aroma do café – para ouvir as boas histórias içadas ao redor dele. Tinha um acervo fotográfico com muitas cenas, texturas e detalhes de onde passava. Havia vivido uma infância rica, de brincadeiras de toda sorte, sem um brinquedo eletrônico graças à falta de dinheiro de meus pais. Era criança de se gritar da esquina tarde da noite para ir embora para casa num bairro com duas praças, um parque de exposições e, por estar localizado no início da cidade, uma estrada de terra e uma montanha.
Assim, em meados de 2013, todos esses fragmentos começaram a me gritar. E Candela foi surgindo. Personagens, bairros, laços foram sendo gestados, alguns paridos, mal paridos talvez, como todo pedaço de cidade em seu começo.
Fiquei mais interessado pela história de Minas para dar sustentação à cidade, mas sem muito rigor. Afinal, nem os cartórios são tão precisos com isso e o que vale em uma cidade mesmo é o seu folclore, a história contada a partir do seu povo.
Por isso, não prometo que minhas ruas tortas se acertarão no futuro. E nem desmentir minhas mentiras. Toda cidade segue seu rumo, sua liberdade e fluidez, como um rio. Minha função aqui é narrar. Candela é mistura do que sei, do que descubro e da pitada dos exageros do ouvi dizer que colorem Minas Gerais.
Candela te recebe de coração aberto.