Cotidiano

  • Sem hora

    Quando menina, suas agendas eram de janeiros vazios, que ela carinhosamente preenchia com poesias, trechos de livros e mensagens escritas por amigas. Mas a vida e os sonhos predestinados foram tratando de ocupar as lacunas do calendário.…

  • Amor paliativo

    – Não sei por que os bichos que damos a ele morrem tão rápido. Ele cuida com tanto carinho. – Ah, Regina, é assim mesmo. Zequinha é um menino muito bom. Atrai muita inveja e os animais…

  • Rogai por vós

    Em todas as vezes que rezava o “Pai Nosso”, invertia com tanta convicção alguns “nossos” e “vossos” que quando chegava ao “amém” parecia estar reclamando o trono de Deus. Mas não fazia isso por soberba. É que…

  • Milagre da multiplicação

    O verão saturava o azul do céu de Candela. O calor era intenso num ar estático aprisionado entre as montanhas. Mas as crianças hiperativas estavam proibidas de por a transbordar de água potável suas piscinas portáteis de…

  • O velho pião

    Ele estava lá. Mas o amigo não. Sentado sobre a mureta de pedra da ponte antiga que une os dois lados do rio em sua entrada em Candela, estava Antônio. Em apenas oito anos de vida ele…

  • A três

    Há quem diga que três é o número da confirmação. Em Candela, na pracinha do Bairro dos Operários, três simboliza a fofoca. É que bem em frente ao local, quis o destino que três casas de paredes-meias…